por BK Shivani
Quando alguém nos pergunta por que estamos chateados ou abatidos, prontamente apontamos para fora:
- Com uma situação tão caótica, é natural se sentir angustiado.
- As palavras deles foram perturbadoras.
- O tempo está tão depressivo.
Mesmo quando alguém nos pergunta por que estamos felizes ou em paz, creditamos a fatores externos:
- A ocasião foi tal que eu obviamente me senti feliz.
- Recebi a ligação dele e imediatamente me senti bem.
- Como ela é educada, gosto da companhia dela.
Quando alguém fala com amor, nos sentimos felizes. Se mudam o tom, nos sentimos magoados. Então, quem está controlando nossos sentimentos? Quem segura o controle remoto da nossa mente? Acreditamos que está nas mãos de outras pessoas. Isso não inclui apenas pessoas conhecidas. Pode até ser um estranho…
Lembre-se de como ficamos furiosos quando alguém ultrapassa nosso carro pelo lado errado ou buzina no sinal. Mas culpamos essa pessoa por nossa raiva. Isso significa que nem assumimos a responsabilidade por nossas reações.
Não percebemos mais que não estamos escolhendo como responder — sentimos que reagimos automaticamente. Em outras palavras, entregamos o controle remoto da nossa mente, até mesmo a indivíduos aleatórios. De fato, todos, menos nós, parecem ter o controle remoto hoje. É hora de acordar para a realidade e lembrar a si mesmo:
Eu sou o mestre da minha mente. Eu sou o criador de cada um dos meus pensamentos e sentimentos.
Vamos examinar o grau de nossa dependência. Marque a opção mais próxima de seus próprios pensamentos, conversas ou comportamentos. Você pode marcar várias opções para cada pergunta. Leve o tempo necessário, pois cada linha deste exercício envolve reflexão.
- O que te deixa com raiva, chateado, ferido, feliz ou amoroso?
- Depende de quem é.
- Depende do que fizeram.
- Depende de quão importante essa pessoa é para mim.
- Depende do que aconteceu.
- Existe alguma pessoa, lugar ou objeto sobre o qual você diz: “Não posso viver sem”?
- Não posso viver sem ele(a). Quero estar com ele(a) o tempo todo.
- Não posso viver sem minhas férias anuais. É algo essencial.
- Meu coração dispara se não encontro meu celular na bolsa.
- Nem consigo dormir se perco meu programa de TV todas as noites.
- Existe algum hábito ou vício sobre o qual você diz: “Não está sob meu controle”?
- Doces são minha fraqueza. Não consigo resistir à tentação.
- Fumar virou um hábito. Já não está mais sob meu controle.
- Meus dias começam com este canal de notícias.
- Meu dia não vai bem se não começar com café.
- Quando o resultado de uma situação não sai do seu jeito, você busca distrações?
- Não estou me sentindo bem. Vou assistir TV ou jogar videogame.
- Deixe-me contar aos meus amigos o que aconteceu. Isso vai me fazer sentir melhor.
- Sempre que estou chateado(a), como chocolate. Isso realmente melhora meu humor.
- Preciso de uma pausa do trabalho. Isso vai me ajudar a me recuperar do estresse.
Suas ações e comportamentos dependem de fatores externos?
- Quis falar com educação, mas não consegui conter a raiva quando ele entrou.
- Costumo ser educado(a), mas com ela simplesmente não consigo ser gentil.
- Por que devo ser gentil com pessoas que me magoaram?
- Não preciso ser pontual se meus colegas estão sempre atrasados.
Essa certamente não é uma lista completa, mas você entendeu a ideia.
Quantas opções você marcou? Quanto maior o número, maior sua dependência emocional.
Vamos tentar identificar nossas dependências emocionais, embora a lista possa ser longa. Algumas são mais fáceis de reconhecer, mas muitas são tão sutis que requerem uma verificação mais profunda para serem percebidas.
Externas:
- Aparelhos e tecnologia: telefone, internet, mídia, redes sociais, TV
- Substâncias: álcool, cigarros, cafeína, remédios com e sem prescrição, outras drogas legais e ilegais
- Lazer ou recreação: compras, férias, filmes, jogos de azar
- Alimentos e bebidas
Internas
- Os outros deveriam se comportar do jeito que eu quero.
- As situações deveriam ser do meu agrado.
- Preciso que as pessoas me aprovem e me apreciem.
- Minha opinião está certa e a deles está errada.
Do Julgamento à Responsabilidade
Frequentemente não estamos conscientes de nossa dependência emocional. Observe o vocabulário desses pensamentos e palavras:
- Ele é a causa da minha raiva.
- Ela me magoou.
- Estou preocupado com eles.
- Eles são tão irritantes.
- Estar com você me anima.
- Estou tão feliz por ter comprado um celular novo.
Essas frases refletem claramente nossa dependência emocional.
- Cada vez que pensamos ou falamos dessa maneira, reafirmamos que todo o nosso espectro de emoções — estresse, raiva, irritação, felicidade, amor e assim por diante — é criado por causa de situações, pessoas, lugares, conquistas, posições ou objetos, e que não temos controle sobre como nos sentimos.
- Ao acreditar que nossas emoções são criadas por alguém ou algo externo, estamos nos afastando da verdade.
- Cada uma dessas frases carrega a energia negativa da culpa.
Essas palavras nos fazem viver como vítimas das circunstâncias, em vez de mestres.
O jogo da culpa é dependência, e a dependência esgota nosso poder interior. Quanto mais culpamos, mais fracos nos tornamos. Quanto mais fracos nos tornamos, mais acreditamos que o mundo ao nosso redor governa nossas emoções.
Uma situação ou comportamento de alguém é um gatilho externo; é apenas um estímulo. Nossa emoção é uma criação interna em resposta ao estímulo. Quando toda situação é um estímulo, quão poderoso esse estímulo realmente é?
As situações podem ser desafiadoras. As pessoas podem ser difíceis. Alguém pode explorar, manipular, enganar, insultar ou nos ignorar, ou podem cometer erros ou ter hábitos ruins. Elas podem até causar danos físicos. Leia essas opções novamente e você verá que elas só podem fazer coisas erradas por fora. Esse é todo o poder que têm. Elas nunca podem entrar em nossa mente. Elas não têm esse poder. Isso significa que elas não podem entrar em nossa mente e criar nossos pensamentos e emoções.
Você pode dizer: “É claro, é óbvio que situações e pessoas não podem entrar em nossa mente.”
Isso é óbvio, até mesmo crianças sabem disso. A questão então é: se sabemos essa verdade, por que vivemos como se situações e pessoas controlassem nossas emoções, nos tornando impacientes, chateados, felizes ou inseguros?
As situações não estão sob nosso controle, mas nossas respostas estão completamente sob nosso controle.
Portanto, mesmo que ninguém mais tenha nos causado estresse, raiva ou dor, simplesmente precisamos lembrar que ninguém além de nós mesmos é o culpado.
Culpar fatores externos implica em abrir mão de nosso poder, acreditando que foram eles que criaram nossas emoções turbulentas.
É importante pensar assim toda vez que criamos alguma emoção:
- A situação foi difícil. Eu criei o estresse.
- Eles se comportaram rudemente. Eu criei a raiva.
- Ele me traiu. Eu criei toda essa dor.
- Ela é manipuladora. Eu criei irritação ao observar seu comportamento.
Observe que o vocabulário é de responsabilidade pessoal pelas nossas emoções. As situações podem não sair do nosso jeito, mas nossa resposta sempre deve ser do nosso jeito — do jeito saudável.
Essa é a única forma de vivenciar felicidade, saúde e harmonia. Vamos internalizar: “Eu criei” — essa é a linguagem e a essência da independência. Isso significa que somos nós que escolhemos nossa criação. E quando somos os criadores, temos todo o poder de mudar nossa criação também, não é? Vamos dedicar um momento para fixar essa verdade profundamente em nossa consciência.
Para resumir, siga estes passos simples para reprogramar sua mente e colocar-se no caminho da independência emocional:
Passo 1: Assuma responsabilidade pessoal por suas emoções ao entrar em uma situação.
Passo 2: Não justifique ou apoie uma emoção negativa, aconteça o que acontecer. Caso contrário, você tende a se dar o direito de recriá-la repetidamente. Isso esgota seu poder interior.
Passo 3: Escolha a emoção que você deseja experienciar.
Você conhece a lista: paciência, aceitação, compaixão, felicidade, amor, perdão…
Passo 4: Crie a emoção que deseja experienciar criando um pensamento correspondente.
- Em uma situação adversa, crie este pensamento:
“Sou uma alma pacífica. Esta situação é difícil, mas estou certo de que posso enfrentá-la com calma. Tenho fé em Deus, em minha capacidade e em meu destino.” - Se a outra pessoa se comportar mal, crie o pensamento:
“Sou uma alma amorosa. Ele está se comportando mal, mas entendo que está em dor emocional. Eu respondo com compaixão.”
Você os compreende e os corrige com paciência.
Celebre sua Liberdade
Na próxima vez que você encontrar uma razão para reclamar de algo, crie pensamentos de gratidão por todas as outras coisas que estão indo bem.
Se sentir vontade de criticar alguém por um erro, corrija com respeito em vez de raiva.
Se sentir vontade de se preocupar com um problema, foque na solução.
Ao internalizar que escolher uma resposta saldável está penas a um pensamento de distância, você verá suas respostas mudando mais facilmente. Você então irá experimentar a mais poderosa forma de liberdade.
* BK Shivani, 52, indiana, é professora e praticante de meditação raja yoga há 28 anos. Por sua bagagem de vida como professora, esposa e oradora, BK Shivani fala com maestria sobre liderança, família, relacionamentos, bem-estar emocional e mental, ansiedade, depressão, estresse, redes sociais, meditação, empoderamento feminino, autoestima, dentre outros. Talvez seja essa a razão pela qual ela conquiste tantas mentes. Hoje, são 940 milhões de visualizações no seu canal no YouTube e 6,1 milhões de seguidores. Foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade pela Associação Mundial de Psiquiatria.
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